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  • Foto do escritorÁbine Fernando Silva

Os Garotos Perdidos (1987)

Atualizado: 15 de out. de 2021

Direção: Joel Schumacher

Roteiro: Jeffrey Boam, Janice Fischer e James Jeremias

Elenco principal: Dianne Wiest, Jason Patric, Corey Haim, Jami Gertz, Kiefer Sutherland, Corey Feldman, Jamison Newlander, Bernard Hughes, Alex Winter, Brooke McCarter, Edward Herrmann.

A rebelde e estilosa trama teen vampiresca do Joel Schumacher

Um dos longas precursores das tramas teens vampirescas, “Os Garotos Perdidos” de Joel Schumacher lançado em 1987 e campeão absoluto de bilheteira influenciou toda uma geração posterior de narrativas protagonizadas pelos belos e jovens sugadores de sangue (a saga Crepúsculo que o diga), sugerindo uma fórmula para este subgênero do terror muito mais voltada para a sensualidade, o apelo visual rebelde, o romantismo piegas e a aventura com um humor adolescente fácil, capaz de afastar qualquer representação mais séria ou violenta de um dos monstros mais consagrados pelo Cinema e pela cultura pop. O enredo do filme apresenta os irmãos Michael Emerson (Jason Patric) e Sam Emerson (Corey Haim) que se mudam com a mãe Lucy Emerson (Dianne Wiest), recém-divorciada, para a casa do avô (Bernard Hughes) em Santa Cruz, subúrbio litorâneo da Califórnia. Durante um passeio noturno com o irmão mais novo pela orla marítima do agitado local (rolava um show de rock ao vivo), Michael se apaixona por Star (Jami Gertz), a bela e misteriosa garota integrante de uma gangue de jovens vampiros, comandados por David (Kiefer Sutherland). Disposto a acompanhar a moça e seus amigos delinquentes aonde quer que fossem o personagem de Jason Patrick é atraído ao covil do grupo e transformado em criatura notívaga. Por outro lado, Sam também acaba fazendo novas amizades com os nerds aficionados por histórias em quadrinhos Edgar (Corey Feldman) e Alan (Jamison Newlander) que alertam o novato sobre a maldição que paira sobre Santa Cruz, tomada pela presença maligna das criaturas da noite. Não obstante, o descolado caçula dos Emerson descobre que o próprio irmão mais velho se tornou um vampiro e juntamente com seus novos parceiros especialistas no assunto partem para uma corajosa caçada para acabar com os monstros, principalmente o líder, o que evitaria desta forma, a perdição completa de Michael e dos outros transformados. O roteiro da tríade Jeffrey Boam, Janice Fischer e James Jeremias aposta nas interações dramáticas com elementos de humor, suspense e aventura, atraindo o expectador para um universo de personagens jovens, carismáticos, anárquicos, engraçados e cheios de estilo. Seja entre os Emerson, entre Sam e seus amigos nerds ou entre a gangue arruaceira dos vampiros, prevalece uma abordagem narrativa focada numa juventude experimentando novas descobertas, buscando aceitação nos diferentes grupos, vivendo uma realidade muito particular em relação aos adultos e tentando lidar com os problemas e perigos de forma autônoma e independente. A trama vampiresca é introduzida com discrição e gradação, assim como determinados personagens ganham destaque pelo conhecimento preciso da natureza da ameaça (Edgar e Alan) ou possuem uma importância redimensionada e criativa ao longo dos acontecimentos (o avô e Max). O “plot twist” empolgante no fim do terceiro ato, além de impulsionar os eventos decisivos do filme, elucida de vez os mistérios em torno do vilão “insuspeito” Max (Edward Herrmann), o namorado vampiro da mãe dos irmãos Emerson, embora o roteiro deixe algumas pistas importantes a respeito do sujeito que no fim das contas, revela-se o responsável pela perdição do grupo de David.

Jamison Newlander, Corey Haim e Corey Feldman interpretam os nerds caçadores de vampiros

Há um conceito de humor e aventura adolescente em “Os Garotos Perdidos” que lembra “Os Goonies, 1985, Richard Donner” ou mesmo “Deu a Louca nos Monstros, 1987, Fred Dekker”o que ameniza qualquer intenção mais austera, tensa e até mesmo violenta de terror, neste sentido, o longa prefere a contemplação juvenil, o desprendimento e a diversão, com certa dose de idealização romântica. Joel Schumacher articula um clima cosmopolita, exótico e plural em Santa Cruz por meio de uma cinematografia interessada na juventude das tribos, na sua estética exótica e na efervescência cultural do local (com elementos de punk, hippie, surf, etc.) expressa com muita propriedade no design de produção e na própria trilha sonora com muito rock’n’roll. O terror não se impõe com propriedade, já que as atenções se voltam para a dramaticidade das relações adolescentes, espontâneas, engraçadas e subversivas, além disso, não se explora a violência gráfica das mortes (pequena exceção feita ao final do filme), muito mais sugeridas do que mostradas (alguns ataques vampirescos são retratados com uma câmera em primeira pessoa), portanto, as ações perpetradas pelos “garotos perdidos” parece mais uma arruaça de gangue e o efeito disto está longe de suscitar o medo. Já os efeitos especiais são muito bem caracterizados na maquiagem e nas transformações, ficando para o clímax as cenas mais impactantes, com uma manipulação artesanal engenhosa, próxima ao “trash”. A montagem ágil proporciona o dinamismo narrativo e favorece a aventura, sem muito prejuízo de coerência (algumas situações ocorrem rápido até demais), além de ser bem utilizada para criar mistério em torno do verdadeiro vilão vampiresco. O elenco jovem, talentoso e dirigido com primazia por Schumacher confere charme, simpatia e brilho aos seus respectivos papéis, valendo destacar Corey Haim, que dá vida ao inteligente, esperto e descolado Sam; Jason Patric que faz o tipo galã bondoso e amaldiçoado; Kiefer Sutherland, a liderança dos garotos perdidos, espécie de Peter Pan às avessas, mais vítima do que vilão; Corey Feldman e Jamison Newlander vivem os adolescentes Edgar e Alan, os presunçosos caçadores de vampiros de Santa Cruz; Jami Gertz atribui certa aura cigana e sensual, a órfã e bondosa Star, par romântico de Michael. Cabe mencionar as presenças marcantes e fundamentais de Bernard Hughes, o bonachão e sistemático vovô hippie, e Edward Herrmann, o vampirão chefe, mentor do séquito diabólico que se propagava em Santa Cruz. “Os Garotos Perdidos” sustenta um fascínio cinematográfico estiloso e original pela beleza e rebeldia juvenis, ainda que a trama vampiresca leve com jeito de aventura hilária soe tão familiar, haja vista as diversas produções oitentistas no mesmo formato. Ainda assim, o filme de Joel Schumacher carrega o mérito de ter influenciado uma gama considerável de narrativas do gênero durante as gerações seguintes.


Por: Ábine Fernando Silva

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