Direção: Parker Finn
Roteiro: Parker Finn
Elenco principal: Sosie Bacon, Caitlin Stasey, Kyle Gallner, Jessie Usher, Kal Penn, Robin Weigert, Gillian Zinser, Nick Arapoglou.
Disponível: Telecine
“Sorria” de Parker Finn se associa com mais afinco a uma tradição do terror bastante em voga na contemporaneidade, àquela que explora, muitas vezes, o drama do trauma como uma espécie de gatilho para a instabilidade psicológica dos personagens e consequentemente para a construção proposital de ambiguidades e incertezas em relação à natureza do mal enquanto causa do conflito central do enredo. É claro que “Sorria” não avança se sustentando integralmente nessa proposta típica de “pós-horror” (só para usar um clichê moderno), uma vez que sua trama ao ratificar o sobrenatural comprovando a existência real da “maldição demoníaca” (sem se interessar por sua origem e motivos) acaba também se equilibrando numa proposta mais gráfica do terror, evidenciando uma série de cenas bastante perturbadoras, especialmente, ao deslocar a semântica do conceito de “sorriso”, convertendo-a em algo sinistro e macabro. Embora Finn recorra aqui a certos clichês do gênero, com sua mise-en-scene atmosférica e sugestiva, e seus jump scare cirúrgicos e eficientes, sua unidade narrativa não descamba no genérico ou soa taxativa, pelo contrário, a direção parece dispor de uma sensibilidade sóbria para manipular seus recursos, chamando à atenção para o efeito intimista na composição dos planos, para uma mixagem de som aterradora e ancorando-se, sobretudo, numa encenação intensamente dramática que promove a performance intensa e angustiante de Sosie Bacon. Ainda sobre essa vinculação criativa com o terror realista e psicológico que o longa privilegia, é possível não só identificar nuances e influências de obras como “O Exorcista” (1973), “Corrente do Mal” (2014) e “Hereditário” (2018), como também apreender a sutileza de certa reflexão crítica acerca das dificuldades e implicações em lidar com a dor emocional e a depressão numa sociedade onde impera a pressão produtiva, o materialismo e um narcisismo categórico, onde o trauma parece inflar num mutismo angustiante e a hipocrisia do “sorriso” fácil e do fingimento de que as coisas sempre andam bem acabam artificializando as relações e levando à destruição. Embora certas escolhas de roteiro sejam até bem convenientes (o rápido auto convencimento de Rose sobre a influencia da maldição, a investigação que revela o encadeamento das mortes por uma entidade possessiva e até aquela tentativa de embate final na residência abandonada), Parker Finn para além do mérito em desenvolver com habilidade o drama de uma personagem crivada pelas reminiscências da morte da mãe e pelos influxos de uma profissão psicologicamente exigente, consegue envolver o espectador na apreensão do mistério de um mal incognoscível provocando muita tensão e surpresas medonhas, especialmente, através de suas sinuosas digressões narrativas que atestam o delírio e finalmente o triunfo do mal. Nesse sentido, “Sorria” de novo surpreende sem subterfúgios para o desfecho feliz, na toada do terror realista da vez e abrindo horizontes para o desabrochar de uma franquia.
Nota: 7 / 10
Sim Pedro o filme propõe cenas bem fortes e assustadoras, embora o drama realista de Rose também cause certo incômodo.
Adoro, já começa com uma cena super tensa, te prende até o fim, psicólogo pesa nesse filme.
Amei esse filme!!! Eu assisti na estreia, quase sai do cinema naquela cena em que o bicho entra na Rose. Kkkkk